terça-feira, 28 de setembro de 2010

Keep Breathing

Primeiro, já vou avisando que desta vez é uma fanfiction - Ficção de fã, histórias envolvendo personagens de livros, filmes, HQs, coisas do tipo, ou celebridades, como atores, bandas, etc. Essa aqui é de uma banda de J-rock (Japanese Rock) chamada The GazettE (minha favorita \o/). Escrevi rápido como resposta para um desafio do Nyah! Fanfiction feita pela Death_Girl666, em que a/o ficwriter deveria escrever uma fic com o vocalista, ruki, mandando uma carta para o baixista, Reita, dizendo que vai se matar. Título e final poderiam ser escolhidos pelo(a) autor(a). Foi minha primeira fic da banda, e, apesar de não ter saido como queria, gostei dela. É Shounen-Ai, ou seja, tem relação romântica leve entre homens.

Se alguém quiser, o link para o perfil da Death_Girl666 é esse: http://fanfiction.nyah.com.br/death_girl666


Keep Breathing


“Akira,

Eu realmente não espero te ver novamente. Não espero viver depois deste dia. E você provavelmente nunca mais me verá após ler esta carta. Pelo menos, não com vida.

Você não percebeu, não é? Que eu sempre te amei. Que minhas músicas foram escritas pensando em você. Cassis foi quase dolorosa. Inteiramente dedicada a aquele que amo, sem que ele notasse. E não te culpo por isso; realmente não fui capaz de me abrir com você, de falar o que sentia. Covarde demais. Não quis perder sua amizade.

Mas eu não agüento mais. Não depois de te ver com aquela estranha mulher, que nunca tinha visto antes. Você estava tão concentrado que nem me viu ali, chorando. Mas isso me deu a certeza que eu precisava. Junto com a dor, mágoa, tristeza, ciúmes e outros inúmeros sentimentos, veio à esperança. Você ficará bem sem mim. Mas eu precisava me despedir de você, mesmo que por um pedaço de papel. Mesmo que eu não estivesse aí, falando com você, precisava te dizer o que sinto.

Eu te amo, Reita. Pode ter certeza que ninguém nunca te amará como eu te amei. Mas eu não agüento mais sofrer por um amor que sei que nunca dará certo, apesar de nunca ter tentado. Admito, posso estar errado afirmando isto, mas não dá mais para tentar. Não morto.

Aishiteru

Takanori”

O louro corria pelas ruas, sem se importar com as pessoas em que esbarrava. Lágrimas marcavam o rosto e molhavam a faixa, mas ele não se importava. Nada lhe importava. Apenas aquele chibi idiota. O chibi idiota que amava e que dissera a ele que iria se matar. Torcia para que ainda houvesse tempo, pois se o menor morresse, ele se mataria também. Não viveria sem o seu pequeno.

-RUKI!!! RUKI, ABRE A PORTA!!!!

Ele esmurrava a madeira insistentemente, acabando por quebrá-la para poder entrar. Desesperado, vasculhou a casa, ainda gritando o nome do menor, encontrando-o chorando no quarto. Ensangüentado.

-TAKANORI!!

-R-reita...

O louro ajoelhou-se sobre o menor, afoito. Os olhos do moreno começaram a oscilar, preocupando ainda mais o maior.

-Ruki...Ruki...Por favor, continue respirando! Ruki...Aishiteirumo! Por favor, continue vivo...Por favor...Taka...

-Aki...Ai...Aishiteru...

O maior abaixou-se, tomando os lábios do menor em um delicado beijo. Aprofundou-o, ainda com medo, tentando provar daquela boca antes que não pudesse mais sentir. As línguas tocaram-se timidamente, ambos tentando prolongar aquela sensação. Akira desesperou-se; Takanori parara de se mexer; parara de respirar.

-Sua anta...EU FALEI PRA VOCÊ CONTINUAR RESPIRANDO!!!

Reita chorava sem parar, beijando os lábios sem vida de Ruki, falando repetidamente que o amava. Acalmou-se, agarrando a adaga que pouco tempo atrás perfurara os pulsos de Matsumoto.

-Amanhã, mesmo que seus sentimentos se separem de mim, eu com certeza continuarei te amando...Para sempre, Ru-chan.

Akira cortou ambos os pulsos e o pescoço. Deitou-se junto ao corpo de seu amado aos pés da cama, abraçando-o. E continuou cantando e beijando-o, até que parou de respirar. Assim como Ruki, Reita morrera.

sábado, 4 de setembro de 2010

Aishiteiru

Esse texto é o primeiro que eu escrevi (teve dois poemas ridículos antes, mas eu prefiro ignorar a existência deles) e não gosto muito dele. Na minha cabeça, estava bom, mas o jeito que saiu não me agradou. O título e algumas palavras estão em japonês - 'Aishiteiru' significa eu te amo, 'Aishiteiru mo' é eu também te amo, 'Nee-chan' quer dizer irmã mais velha e 'Imôto' irmã mais nova.
A parte que a irmã mais velha explica o que é amor, é como eu via o amor dois anos atrás, por ai. Essas duas personagens eu usei para muitas histórias, como se fossem partes pequenas de uma maior - que depois eu comecei a fazer, e com minha grande criatividade e preguiça, chamei de 'Dark Angel' mesmo.
Qualquer erro, por favor me avisem.
Aishiteiru

-Você não me pega!- Uma pequena garota, com cabelos negros como carvão e lisos, que se estendiam até seus tornozelos, e incomuns olhos cinzas, dotados de um tom claro e sobrenatural, corria da maior, completo oposto da mais nova, dona de olhos negros e cabelos de um branco puro.

-Volta aqui sua pirralha!- Respondeu a maior, com um sorriso amigável.

As roupas das duas esvoaçavam, fazendo com que seu farfalhar agradável se se junta ao das folhas que balançavam com a suave brisa do mar.

-Desse jeito você nunca vai me alcançar! Você é muito lerda!- Provocou a menor, ainda correndo com as botas negras cheias de fivelas sendo molhadas pelo mar, assim como as sapatilhas brancas da maior.

Como que respondendo a provocação, a mais velha aumentou a velocidade, quase alcançando a pequena garotinha, que deixou a outra se aproximar apenas para quando a mesma tentasse pegá-la, correr mais rápido.

-Cansei! Vem aqui sua pirralha chata!- Com um tom inconfundivelmente brincalhão e cansado, a maior sentou-se ofegante na areia perto do mar, mas longe o suficiente para a água não alcançá-la.

-Mas a gente nem correu tanto!- A menor reclamou com um bico, mas indo para perto da irmã, sentando-se ao seu lado.

-Mas eu cansei. - respondeu exausta a mais velha.

Ambas ficaram em silêncio, apreciando o belo pôr-do-sol, os tons do céu mudando lentamente de cor, de um laranja vibrante para um azul escuro, quase preto.

-Nee-chan, o que é amor?- a mais nova perguntou a dúvida que estava em sua mente havia algum tempo.

A mais velha fitou o horizonte pensativa.

-Amor é o sentimento mais sublime que se pode ter. É também o mais nobre e o mais forte. Pode ser demonstrado de várias maneiras, como ódio, carinho, preocupação e raiva, além de outros. - a maior deu uma pausa para refletir- É um sentimento controverso e enigmático, que assombra e fascina a maioria. Dizem que ódio e amor andam de mãos dadas, separados levemente por uma tênue linha, facilmente quebrada. - finalizou desviando o olhar do pôr-do-sol, olhando finalmente para a irmã.

-Mas se o amor é tudo isso, quando eu vou saber que eu estou amando?- a menor ainda confusa questiona a mais velha novamente.

-Você saberá. É uma sensação única e especial. E lembre-se; nunca diga que ama algo ou alguém por dizer, você precisa realmente sentir para poder falar "eu te amo".

A menor refletiu olhando o crepúsculo, finalmente compreendendo aquele sentimento único que significaria mais do que tudo para ela.

-Aishiteiru, Nee-chan.

A maior sorriu, encarando novamente o mar, antes de lhe responder.

-Aishiteirumo, Imôto.

E ficaram juntas, a observar o pôr-do-sol, sentadas lado a lado, suas diferenças acentuando-se pelas suas roupas, as da menor negras, um vestido de saia rodada, um tanto gótico e sombrio, o da maior branco, também de saia rodada, mas com um estilo Lolita.

E aquela tarde marcaria a memória daquele pequeno anjo negro como o dia em que descobriu o amor.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Neve

Eu não tenho nada importante para dizer... Vou postar algumas histórias (antigas e não revisadas ^^""), criei o blog só pra isso... Resolvi postar primeiro "Neve", pois foi meu primeiro texto com mais de duas páginas (o quarto que escrevi)... Gosto da história, mas acho que poderia ter feito melhor - agora já é tarde demais, não consigo mudar o texto --" - e no final tem um trecho da música What Hurts the Most, do Rascal Flatts.
Qualquer erro de gramática me avisem, como eu já disse, não revisei nenhum texto e as histórias são de quando eu comecei a escrever...
Espero que alguém leia --"
Neve
Conheceram-se a pouco tempo, em uma estação de trem. Ele, moreno, alto, olhos azuis, de um tom claro e puro, vestido de preto. Ela, ruiva, olhos verde-esmeralda, também de preto. A pelo dos dois branca como a neve.

Ele, sentado em um sofá do café, esperando seu trem, vê ela chegar. Linda, caminha graciosamente com passos leves ao balcão, pedindo um café. Sua mala na mão. Sentou-se em um sofá próximo a ele, ainda sem notar os olhos azuis olhando-a atentamente.

Por longos minutos, ele fitou-a fascinado. Observou-a beber o café lentamente, esquecendo-se da própria bebida. Admirava os olhos esmeralda, enquanto ela lia seu livro. Percebeu que ela não deveria gostar de romances; o livro era conhecido por sua brilhante e sangrenta história. Estranhou. Um anjo que gostava de sangue. Um anjo que queria para ele. Assustou-se. Mal sabia quem ela era, desconhecia seu nome, e já a desejava?

Ela notou-o. Viu quando ele balançou a cabeça, aparentemente se auto reprendendo por algum pensamento. Observou que era muito belo, atendo-se aos olhos azuis do mesmo. Demostravam uma pureza além do comum, muito diferente de seus próprios, sabendo que eles deveriam ser o oposto daqueles olhos puros.

O trem de ambos chegara. Embarcariam no mesmo veiculo, em cabines próximas, em frente uma da outra.

A viajem seria longa, aproximadamente um dia, iriam de Nakano até Nishi-funabashi, usando a Metropolitano de Tóquio, linha Tozai*. Ele, ao perceber que ela embarcara no mesmo trem, pensava em como chamar-lhe a atenção, enquanto ela pensava em como aproximar-se do rapaz que tanto lhe atraia.

Sem notarem que ambos tinham em mente um ao outro, foram para suas respectivas cabines, depositando suas coisas e em seguida dirigindo-se ao restaurante para jantar, novamente sentando-se próximos, olhando-se discretamente, aguardando a refeição.

Já em seus vagões, lembravam-se de quando viram-se pela primeira vez, apesar de que não deveria ser há mais de uma ou duas horas atrás. Ele perdera a discrição. Ela, a tranquilidade. E ele decidira-se.

Ela notou quando a porta abriu-se, desviando os olhos do livro que apenas encarava sem ler, pousando as duas esmeraldas na figura do rapaz que tomava-lhe os pensamentos.

Por longos minutos, olharam-se. Sem falar ou mover-se. Ele quebrou o silencio.

-Vi quando entrou no café e não pude impedir-me de notar quão bela você é, e sinto por ser rude ao invadir-lhe sua privacidade, mas não consigo esquecer te.

-Faça minha suas palavras. Não sei como, mas gosto de você. Roubaste minha atenção e peço-lhe que a devolva, antes que minha sanidade vá com ela.

-Sinto ao saber isto, e sinto mais ainda que nada possa fazer, pois roubaste a minha também.

-O que tanto espera imóvel nesta porta? Entre e sente-se ao meu lado, gostaria de saber mais sobre você e deixar de formalidades.

Ele obedeceu, trancando a porta e dirigindo-se ao lado do anjo que começava a achar que roubara seu coração.

-Diga-me, o que quer saber?

-Seu nome.

-Só digo se disser-me o seu.

O barulho do trem encobriu as vozes e seus sussurros, mantendo os nomes um segredo dos dois desconhecidos, mas já apaixonados.

-Qual a sua idade? Desculpe ser indiscreta, mas desejo saber tudo sobre você.

-Se desejas, saberás. Tenho vinte e três, velho não acha?

Riram-se ante a piada, por mais sem-graça que fosse, apenas pelo rapaz torna-la engraçada aos ouvidos da moça.

-É apenas dois anos mais velho que eu e se acha velho?

-Mil perdões, mas achei que a bela dama em minha frente tivesse apenas dezoito, fico feliz ao saber que estava enganado.

-Por quê?

-Pois então posso fazer isto.

E uniu as bocas. Os lábios eram macios, e a sensação sublime. E tão rápido quanto começou, acabou-se.

-Desculpe-me.- O rapaz sussurrou-lhe e colocou-se a correr para longe daquela que, agora, tinha certeza, roubara-lhe seu coração.

Confusa, ela colocou a mão sobre a boca, tocando levemente os lábios, lembrando-se da sensação. E sorriu. Sorriso que logo desapareceu. Por que correra? Ele também não a queria? Dúvidas pairavam sobre a mente da jovem cada vez mais confusa.

Ofegante, ele parou. Estava novamente no restaurante, que ficava no outro extremo do trem. Questionava-se por que fizera aquilo. Por que correra. Afinal, ele a amava. Mas e ela? Tinha medo da impressão que havia causado. E se ela agora o odiasse? Um medo subiu pelo peito do rapaz, formando um nó em sua garganta.

Pelo resto daquele dia, não se falaram, embora os pensamentos não afastassem um do outro.

Após uma noite de sonhos confusos, eles levantaram-se. Ela pensou em ir até o vagão do rapaz, mas decidiu-se por esperar até o café da manhã. Ele apavorou-se e decidiu explicar-se também no café da manhã.

Arrumaram-se e saíram de suas cabines ao mesmo tempo. Encararam-se. Azul com verde. Pureza com malícia. Tentaram desvendar-se com aquele olhar, mas seus semblantes nada diziam. Nada que eles percebessem. Os do rapaz, desculpe-me. Os da moça, Por quê? E ele finalmente tomou coragem para quebrar o silêncio já incômodo.

-Desculpe-me

-Por quê?- Os dois finalmente expressaram-se, ela exigindo, ele desculpando-se.

-Pelo beijo. Por sair correndo. Por desculpar-me.- Os olhos do rapaz angustiados.

-Não desculpe-se. Eu correspondi. Você deveria saber que se retribui é por que também te quero- Os dela, sérios.

-Esse não é o problema. Eu realmente gosto de você.

-Eu também.

E ele não aguentou. Quebrou a distância que os separava, selando seus lábios novamente. O beijo fora delicado e cheio de sentimentos, alguns até desconhecidos por ambos, enquanto ambos deliciavam-se com suas bocas coladas e corações descompassadamente sincronizados.

Separaram-se. Olharam-se com desejo e carinho. Azuis puros e verdes maliciosos. Completavam-se. Tinham o que faltava e era necessitado pelo outro.

Beijaram-se novamente. Sorriram. E, finalmente, foram comer. Sentaram-se na mesma mesa, ainda sorrindo e encarando-se.

Logo, estavam no vagão da moça, ela sentada no colo do rapaz, enquanto ele afagava-lhe os cabelos, e olhavam a neve cair em pequenos flocos pela janela, passando rápido demais para que vissem mais que um borrão.

-O que a neve é para você?- ela perguntou, curiosa, ainda sem tirar os olhos da janela.

-É algo puro e simples, que pode ser visto como várias coisas, mas no fim restará apenas a inocência do branco. E para você?- Ele perguntou, do mesmo jeito que ela.

-Algo malicioso e vulnerável, que pode ser facilmente corrompido, mudando de forma e cor.

Opostos. Seriam sempre assim. Ideias opostas, porém corações unidos e iguais.

-Para onde vai depois de desembarcar?- Ele perguntou receoso.

-Para onde você for. Não possuo um lugar fixo, vendi a casa que tinha há muito.- Ela respondeu prontamente. Ele sorriu.

-Arrume-se. Iremos chegar em meia hora e teremos muito o que fazer. Além disso, gostaria de te levar ao meu lugar preferido.

Sorriram. Ele dirigiu-se ao seu vagão, e ela começara a arrumar suas coisas. Desembarcaram pouco depois.

-Aonde vamos?- Ela perguntou-lhe, novamente curiosa.

-Deixaremos nossas malas em nossa casa e te levarei no lugar que disse, aonde nada pode nos alcançar.

Sempre encarando-se. Azul no verde. Deixaram a estação, logo indo deixando seus pertences e seguindo a trilha para o local que o rapaz comentara.

Ela surpreendeu-se. Nunca vira local mais belo. A neve espalhada em todos os lugares, a velha cerejeira sem folhas perto da colina, com algumas rosas vermelhas em torno do lugar, tornando a vista ainda mais bonita.

Não muito tempo depois já estavam rindo e brincando como crianças, rolando na neve e atirando bolas, fazendo anjinhos e bonecos, para depois destruí-los por acidente ou provocação.

Então o pesadelo começou. A loira que se escondia por entre as arvores ali perto saiu. A arma apontada na direção da ruiva, que estava perto da cerejeira, uma bola de neve na mão, logo derrubou-a, assustada e desnorteada, temendo não pela sua vida, mas pela do rapaz.

-Você pensa que o conhece e que ficará com ele, mas está enganada! Ele é meu e só eu poderei tê-lo! Não sei quem você é nem o que faz mas não me importa! Irei mata-la aqui!- O tom da loira era raivoso e insano, beirando a loucura.

-Melody, pense no que está fazendo! Eu sei que ficou com raiva por eu ter terminado com você, mas entenda! Eu a amo, e você não mudará isso!- O do rapaz, temeroso.

-O que está acontecendo?- O da moça, assustado.

-Calem-se!- um disparo foi ouvido. Os olhos verdes fecharam-se.

E a neve tingiu-se de vermelho. Vermelho-sangue. E ambos sentiram a dor. Ele, de morrer sem saber. Ela, a de vê-lo morrer. Seus corações pararam, as lágrimas presas, assim como a respiração. Os sons sumiram. E ele caia. O branco virava vermelho, a pureza corrompia-se, o sangue insistia em escorrer do ferimento no tronco dele. A loura jogou a arma, fitando as mãos incrédula para logo após sair correndo. As lágrimas saíram. Os sons voltaram. A ruiva gritou. Desesperou-se. Chamou-o diversas vezes. E então silenciou-se, calada pelos dedos do rapaz, que tocavam gentilmente seus lábios finos. As lágrimas ainda rolavam em suas faces. E os olhos se encontraram. Azul no verde.

-Não chore nem lamente-se por mim. Não me arrependo. Sei que provavelmente vou morrer aqui, mas me satisfaz saber que você está bem, a única que amei e amarei até meu último suspiro, seja ele agora, amanhã ou que daqui a uma década, não me importa. Amo-te. E isto basta.

As bocas uniram-se. Os lábios entreabriram-se. Os olhos fecharam se, o gosto salgado e molhado das lágrimas junto ao amargo e ferroso do sangue presente naquele beijo lúgubre e apaixonado. E ele teve certeza. Ela o amava.

Logo o ar se tornou-se escasso, os lábios separaram-se, ele sorriu tristemente e sussurrou-lhe suas últimas palavras:

-Eu te amo.

E ela chorou. Ele não mais respirou. Os olhos azuis fecharam-se para nunca mais iriam abrir. Ela abraçou o corpo dele. Frio. Sem vida. Pálido. Com a vista embaçada, ela observou o corpo daquele que fora seu verdadeiro amor e sua alma.

-Eu posso derramar algumas lágrimas e apenas deixar elas saírem. Eu não tenho medo de chorar. Quero continuar ao seu lado, mesmo que você tenha ido embora. Eu costumava fingir que estava bem, mas não é isso que me deixa triste. O que doí mais era ter te tão perto e ter tanto a dizer, para então ver você indo embora e nunca saber o que poderia ter sido, sem ver que amava você. É difícil pensar que te perdi...-Falava com o nada, acariciando a face do rapaz abaixo de si.

Estendeu sua mão e pegou a arma que caíra a sua direita, engatilhando-a e colocando-a em sua nuca, pensando em tudo que ela significava para ela.

Fora seu melhor amigo e sua dor,

Sua alegria e seu maior rival,

Seu amor e sua morte,

Sua vida e seu ódio,

Seu fim e sua luz

Sua perdição e seu caminho,

Seu amante e sua felicidade,

Sua tristeza e seu inimigo,

Fora tudo e fora nada.

Com esse pensamento, ela puxou o gatilho.